“Eu
não gasto, eu invisto
Eu
reparto e conquisto
Consumir
de nós, a grana volta
É
assim que funciona
Pegou
a visão?”
Abebe Bikila foi um maratonista etíope que após vencer a maratona masculina nos Jogos Olímpicos de Verão em 1960 na Itália, se tornou o primeiro negro africano a ganhar uma medalha de ouro olímpica e é considerado até hoje como um dos maiores atletas na história da modalidade.
Abebe Bikila Costa Santos, rapper
fluminense de 31 anos que o país conheceu em 2016 e conhece até hoje como BK´,
tem apenas quatro anos de carreira mas coleciona três discos gravados e carrega
consigo letras fortes, um flow inigualável e uma identificação enorme como povo
preto.
Em seu mais recente disco, “O Líder em Movimento”, BK´ nos mostrou o trabalho mais forte, reflexivo e potente de sua carreira. E foi nessa constante inquietação e contrastes entre batidas e letras que uma música me chamou mais atenção.
Em “Porcentos 2”, a terceira faixa do disco, o rapper traz uma segunda parte da música “Porcentos”, gravada em 2018 no álbum “Gigantes”, onde ele enfatiza por várias vezes no refrão e no decorrer da canção o quanto estava trabalhando muito e recebendo pouco, não apenas no aspecto financeiro.
Agora em 2020, numa outra fase da carreira, BK´ faz questão de destacar a importância e o impacto do “Black Money” como ato político. Investir no negro como uma tentativa prática de equilibrar a balança social e econômica, principalmente num país como o nosso.
Apoiar não apenas artistas, mas o empreendedor negro. Daquele que tem uma marca própria de roupa a quem oferece atendimentos psicológicos. Para que ambos consigam capitalizar e gerar renda para comunidade, mas que também passa por aprendermos a valorizar e precificar o nosso trabalho de maneira justa.
Mas a frente, BK´ também cita a importância da rivalidade como fator de impulsionamento e evolução constante entre rappers já que todos têm sua relevância e podem se comunicar com diferentes grupos sociais.
Assim como seu homônimo, BK´ se agiganta e se coloca em condição de estar entre os melhores rappers da atualidade, conduzindo sua história uma narrativa potente e muito poderosa.
O recado é objetivo e certeiro. Que nos organizemos e tenhamos a oportunidade de não só construir, mas ser o alicerce de outras construções. E como diz o refrão: dinheiro para nós não é luxo, dinheiro para nós é proteção.